quinta-feira, 17 de março de 2011

Meu coração não tem juízo!



Meu coração não tem juízo!
Sofre, chora e não aprende.
Não deixa de amar.
O consolo às vezes falta e o desamparo ainda é meu e de mais ninguém.
A cada dia aprendo a conviver com minha dor, que me parece tão solitária...
 Cada ser humano, uma historia pra contar.
De cada canto da sala observo um ângulo do abajur. De cada canto da sala tenho uma versão e uma história pra contar.
Monto meus caquinhos a cada hora do dia.
Mas alguns deles insistem em se descolar, se desprender.
Preciso de mais força nas pernas para caminhar.
Mas sinto que o caminho nunca acalmará meus pés... 

Bethânia Loureiro





domingo, 13 de março de 2011

A face boa dessa solidão em mim



A face boa dessa solidão em mim, é a certeza de que virarão poemas ou ainda registros que se perderão na próxima ventania.
Minha dor me parece muito menos solitária que antes.
Busco em mim o refúgio dos grandes, como um quartinho que sempre existiu, mas nunca fora antes ocupado.
Faço poemas e terapia para espantar a dor, esse fantasma solene que me assombra e se faz de sombra pra me acompanhar.
Busco rimas, que nunca são perfeitas. Elas só tem sentido em mim.
Meu corpo, meu refúgio. Só preciso encontrar formas de modelar a forma, os contornos.
Sinto-me em trabalho de parto...E a parida sou EU.
É preciso juntar meus pedaços que foram deixados pelo caminho...
Amarrar meus amores que caíram pelos vãos...

Bethânia Loureiro

terça-feira, 8 de março de 2011

Palavras Soltas


“(...)agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”

Li essa frase em um texto de Rubem Alves, de um poeta chamado Cummings. Algo foi tão profundo no que vi e li...
De repente qualquer coisa dentro de mim despertou. Primeiro percebi que preciso ler mais, não conhecia o Cummings, mas quando pesquisei sobre suas obras entendi que perdi alguns anos lendo coisas desnecessárias e sem sentido.
Mas, mais do que descobrir isso, foi me descobrir nessa frase, me encontrar. Como quem encontra algo que ficou esquecido depois daquela última mudança, em meio a caixas e mais caixas. E de repente reencontra o tal objeto perdido. E nessa frase eu me reencontrei!
Percebi que tenho olhos de poeta! Veja bem, não sou poeta. Tenho somente e tão somente olhos deles. Mas isso não deixa de ter algo de pretensioso... 
 Mas isso soa bem ao meu coração que tem batido descompassado esses últimos meses. (Meu cardiologista nem sabe disso...)
Olhos de ver e alma de poeta! Deve ser por isso que coisas simples me são tão caras. Deve ser também por isso que minhas memórias são tão mais coloridas. E deve ser por isso que um acontecimento, que para a maioria dos mortais seria um episódio banal, acaba sempre virando uma grande história ou um romance dentro de mim.
Aprendi ter olhos de poeta! E isso agora é algo que me assusta. A velha ideia juvenil e extremamente ousada de escrever para os outros que não só minhas gavetas, veio como um vendaval, arrastando-me para fora de mim.
Me questiono sobre o momento exato em que tenha aprendido a “ver com os olhos de poeta”. Se é que isso tem alguma importância agora.
Meus pensamentos como caracóis, redemoinhos vivos que insistem em pular sobre mim. Palavras soltas, emaranhadas, arrastando-se em minha frente.
Tento me defender, e até mesmo fugir. Mas elas se enroscam em minhas pernas, e crescem como plantas trepadeiras.
As palavras sem sentido, todas amarradas e enlaçadas num passado de desamparo, de desatenção.
- Subam plantas loucas! Cravem suas raízes no meu corpo. Suas garras afiadas que não mais me espetam, são agora livres!!! A liberdade te fazem amenas, inofensivas a mim.
Hoje entendo que minha dor era de suas asas se debatendo dentro de mim, na busca insana de encontrar um orifício que lhes dessem vida!
Chove palavras agora, e elas encontram refúgio naquelas outras que já habitavam no meu corpo. Elas se encontram como pares, e bailam!
Seu balé lúcido, alvo e contemporâneo de tons vibrantes, acordes imperfeitos, numa orquestra desatinada, e desafinada que  sempre viveu aqui.
E que se cumpram o seu destino. Que seus pares se unam e o baile comece.
- Música maestro!!
Bethânia Loureiro

quarta-feira, 2 de março de 2011

Devaneios



E cá estou eu tentando dar ordem no vendaval que conservo em mim.
É muito difícil colocar ritmo no furacão e  compasso a esses seus passos soltos e graves.
É difícil enquadrar meus devaneios numa caixa pequena. Eles crescem a cada novo passo, a cada novo compasso de minhas ideias viris.
Sinto o vento no rosto, a pele fresca com o suor e as lágrimas que teimam em descer. Elas me são tão necessárias!
 Fazem-me perder o medo que tenho de tentar o novo. Aquilo que desejo que seja descoberto ou ainda, aqueles desejos mais secretos que anseio que continuem submersos.
Minha alma sofre de sede. Tenho a secura das almas apressadas, com ânsia de vida, de sonhos, de amor...
Prefiro as almas em tons vibrantes, do que aquelas em tons pastéis.
Sofro com essa incredulidade dos homens no convívio humano.
Volto aos meus mais íntimos pensares e me ordeno à sequência lógica.
Mas não posso mais conter minha fabricação de delírios.

Bethânia Loureiro