sábado, 27 de agosto de 2011

Dores Promíscuas


(Quadro de Antônio Parreiras (1860-1937), chamado de Dolorida)



Arte encantada
Solitária
Dolorida
Secreta
De palavras tristes
Olhar que pulveriza
Que revela
Detalhes inconcebíveis de mim
A idéia concreta de vida
Encena a minha contemporaneidade
Mas Apolo e Dionísio ainda duelam por minha posse
E nessa miscelânea de retas e curvas
Me curvo
Diante do sagrado instante
Que te perdi
Minha alma mestiça
Cravo, canela e cor
Pigmenta nesta folha
As dores promíscuas
Dessa contradição secular
Adorno-me de plumas, sangue e delírios
E encerro a noite
Sob estrelas
Perversas e atrevidas
Expelindo canções de ninar
Castas e causticantes.

Bethânia Loureiro

3 comentários:

  1. Nossa Bê, valeu a pena esperar...Eu e minha bela gata Lili aqui, juntinhas, apreciando a beleza de suas palavras... Muito lindo. Parabéns! O mundo precisa disso: poesia, música, ritmo, amor...
    Bjo grande!

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