Não te quero meu servo. Te quero meu amor.
Não percebi que o fiz sentir-se assim.
Me perdoe pela falta de sensibilidade.
Pela falta de compostura.
Pela falta de desejo...
Não ignoro você!
Ignoro a mim mesmo.
Por partes de mim que não gostaria que existisse.
Não tenho forças para transformá-las. Somente as cultuo.
Apenas me debato dentro do meu mundinho.
Do meu silêncio estúpido. E ele é, inúmeras vezes, confuso demais pra mim.
Não posso suportar seu julgamento.
Queria dias menos pesados que o de hoje.
Queria pensamentos mais lentos. Mente mais quieta.
Meu coração não tem nada de tranqüilo nesse instante.
Curvo-me diante de tantos pesos que insisto em carregar.
Não posso te prometer mais do que o meu simples fato de existir.
Desse mesmo jeito, sem grandes virtudes, sem formas especiais.
Não posso te prometer umidade, porque minha alma sofre de sede...
Não posso te acalentar mais o espírito, sou desamparada por natureza.
Minha alma sofre, mas não posso mais vestir uma fantasia que não me serve.
Tento sufocar agora muitos soluços para que nunca descubram o debater de minha alma dentro desse corpo que nem sinto que é meu.
Busco acalmar meu saco de lembranças...
Quero prazeres antigos. O cheiro, o gosto.
Merecias alguém melhor. Com menos angústias existenciais. Com menos solidão no peito.
Meu vazio hoje está ampliado.
Não posso medir meu caminho, ele tem a medida dos meus passos que insistem em andar por avenidas que nem ao menos reconheço.
O vazio mora aqui.
Bethânia Loureiro