Esperei na porta...
Mas não era ninguém.
Não veio ninguém.
Escutei batidas, passos... Esperei.
Agora percebo que era somente minha saudade se remexendo entre meus guardados e minhas memórias.
E ela é tão alva, tão grave, soberana...
Formulo o que direi à minha filha sobre a saudade...
Ah, se pudesse guardar minha filha em uma caixinha
para não conhecer a saudade, não sentí-la!
Direi apenas que é uma dor crônica, mansa e cruel...
Que rasga o peito todos os dias um pouco...
Corrói o tórax, causa dores físicas, se disfarça no cotidiano... Mas nem sempre sabe por que o faz.
Às vezes vem, senta-se ao nosso lado e fica um tempo em silêncio... Silêncio duro, cruel!
Eu continuo escutando seus passos ao meu redor. Sua cura??? Lastimo. Mas não se pode curá-la...
Seu remédio está no tempo... No encurtamento das distâncias... Dos espaços geográficos...
Inclusive, se hoje Deus me perguntasse pessoalmente qual o meu desejo, pediria uma tesoura e um globo... Ignoraria todas as minhas aulas de geografia e iniciaria uma verdadeira aula de corte e costura...
Cortaria continentes, divisas. Uniria com agulha e linha, Estados e países... Colocaria todos os meus afetos do outro lado da minha rua... Meu globo que outrora fora redondo, ficaria todo remendado, mas estaria correto no meu conceito de perfeição.
Outras distâncias já são impossíveis de abreviar.
Aquelas em que o tempo se foi... Como aquele navio que partiu e sabe-se que não volta... Aquele rio que passou, e que não torna a passar...
Sobrevivo, criando considerações que não posso modificar.
Vivo buscando saídas para as minhas eternas dores, saudades e alegrias contidas.
Agora repenso o que contarei para minha filha sobre o Amor...
Bethânia Loureiro
Essa eh a que eu mais adoro, talvez reflita em mim, o que tenho sentido e sufocado...
ResponderExcluirLindo demais...Quando eu tiver meu bebê (na próxima encarnação)com certeza vou me inspirar em escrever versos tão lindos...Bjim,
ResponderExcluirVivi